"ORAÇÃO ABRASADA
1º Dia:
Suscitai homens de Vossa destra
1 –
Lembrai-Vos, Senhor, de Vossa Congregação que possuístes em Vosso Espírito
desde toda a eternidade, ao pensardes nela desde o Princípio, que possuístes em
Vossas mãos, quando tirastes o Universo do nada desde o Princípio; que
possuístes em Vosso Coração, quando Vosso amado Filho, morrendo na Cruz, a
regou com Seu Sangue e a consagrou por Sua morte, confiando-a a Sua Mãe
Santíssima.
2 – Atendei,
Senhor, aos desígnios de Vossa misericórdia, suscitai os homens de Vossa
destra, tais como os mostrastes a alguns de Vossos maiores servos, dando-lhes
conhecimentos proféticos: a um São Francisco de Paula, a um São Vicente Ferrer,
a uma Santa Catarina de Siena e a tantas outras grandes almas no século
passado, e até neste em que vivemos.
3 – Memento:
Onipotente Deus, lembrai-Vos desta Companhia ostentando sobre ela a onipotência
de Vosso braço, a qual não diminuiu, para fazê-la nascer e conduzi-la à
perfeição. Renovai os prodígios, fazei milagres novos. Sintamos o auxílio de Vosso
braço.
Ó grande
Deus, que das pedras brutas podeis fazer outros tantos filhos de Abraão, dizei
uma só palavra como Deus e hão de vir bons operários para a Vossa messe e bons
missionários para a Vossa Igreja.
4 – Memento:
Deus de bondade, lembrai-Vos de Vossas antigas misericórdias, e por essas
mesmas misericórdias, lembrai-Vos desta Congregação; lembrai-Vos das promessas
reiteradas que nos fizestes, por Vossos profetas e pelo Vosso próprio Filho, de
nos atender em nossos pedidos juntos. Lembrai-Vos das preces que há tantos
séculos Vossos servos e servas Vos dirigiram neste sentido; venham a Vossa
presença Seus votos, Seus soluços, Suas Lágrimas e Seu Sangue derramado, e
poderosamente solicitem a Vossa misericórdia. Mas lembrai-Vos, sobretudo, de Vosso
amado Filho: “Lançai os olhos sobre a Face de Vosso Cristo”. Sua Agonia, Sua
confusão, Seu amoroso queixume no Horto das Oliveiras quando disse: “Para que
serve Meu Sangue?”, Sua cruel morte e Seu Sangue derramado altamente Vos clamam
misericórdia, a fim de que, por meio desta Congregação, seja Seu Império
estabelecido sobre os escombros de Vossos inimigos.
5 – Memento:
lembrai-Vos, Senhor, desta Comunidade nos efeitos de Vossa Justiça. “É tempo de
agir, Senhor, lançaram por terra a Vossa Lei”: é tempo de cumprir o que
prometestes. Vossa Divina Lei é transgredida; Vosso Evangelho, abandonado;
torrentes de iniquidade inundam toda a Terra, e arrastam até os Vossos servos;
a Terra toda está desolada, a impiedade está sobre o Trono, Vosso Santuário é
profanado e a abominação entrou até no lugar Santo. Deixareis tudo assim até ao
abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma
e Gomorra? Calar-Vos-ei sempre? Tolerareis sempre? Não cumpre que seja feita a Vossa
Vontade assim na Terra como no Céu, e que venha a nós o Vosso Reino? Não
mostrastes antecipadamente a alguns de Vossos amigos uma futura renovação de Vossa
Igreja? Não devem os judeus converter-se à Verdade? Não é esta a expectativa da
Igreja? Não Vos clamam todos os Santos do Céu por justiça: Vingai? Não Vos
dizem todos os justos da Terra: Amém. Vem, Senhor Jesus? Todas as criaturas,
até as mais insensíveis, gemem sob o peso dos pecados inumeráveis de Babilônia
e pedem a Vossa Vinda para restabelecer todas as coisas: “Todas as criaturas
gemem”.
2º Dia: Desapegados
de todo afeto terreno
6 – Senhor
Jesus, lembrai-Vos de dar a Vossa Mãe uma nova companhia, a fim de, por Ela
renovar todas as coisas, e terminar por Maria os anos da graça como por Ela os
começastes. Dai filhos e servos a Vossa Mãe; quando não, fazei que eu morra.
É por Vossa
Mãe que Vos imploro. Lembrai-Vos de Suas entranhas e de Seu seio, e não me
rejeiteis; lembrai-Vos de Quem sois Filho, e atendei-me; lembrai-Vos do que Ela
é para Vós e do que Sois para Ela, e satisfazei meus votos.
Que Vos peço
eu? – Nada em meu favor, tudo para a Vossa glória.
Que Vos peço
eu? –O que podeis, e até ouso dizer, o que deveis conceder-me, como Deus
verdadeiro que Sois, a Quem todo Poder foi dado no Céu e na Terra, e como o
melhor de todos os filhos, que amais infinitamente Vossa Mãe.
7 – Que Vos
peço eu? – Líberos: Sacerdotes livres de Vossa liberdade, desprendidos de tudo,
sem pai, sem mãe, sem irmãos, sem irmãs, sem parentes segundo a carne, sem
amigos segundo o mundo, sem bens, sem embaraços, sem cuidados e até sem vontade
própria.
8 – Líberos:
escravos de Vosso amor e de Vossa Vontade, homens segundo Vosso Coração que,
sem vontade própria que os macule e faça parar, executem todas as Vossas
Vontades e lancem por terra todos os Vossos inimigos, quais novos Davids, com o
cajado da Cruz e a funda do Santíssimo Rosário nas mãos.
9 – Líberos:
nuvens elevadas da Terra e cheias de celeste orvalho que voem sem empecilhos,
de todos os lados, conforme o sopro do Espírito Santo. Foi deles, em parte, que
tiveram conhecimento Vossos Profetas, quando perguntaram: “Quem são estes, que
voam como nuvens?” – “Iam para onde o Espírito os impelia”.
10 –
Líberos: almas sempre a Vossa mão, sempre prontas a obedecer-Vos, à voz de seus
superiores, como Samuel: “Eis-me aqui.”, sempre prontas a correr e a tudo
sofrer, conVosco e por Vós, como os Apóstolos: “Vamos nós também para morrer
com Ele”.
11 –
Líberos: verdadeiros filhos de Maria, Vossa Mãe Santíssima, engendrados e
concebidos pela Sua caridade, trazidos em Seu seio, presos a Seu peito,
nutridos de Seu leite, educados por Sua solicitude, sustentados por Seu braço e
enriquecidos de Suas graças.
12 –
Líberos: verdadeiros servos da Santíssima Virgem que, como outros tantos São
Domingos, vão por toda parte, com o facho lúcido e ardente do Santo Evangelho
na boca, e o Santo Rosário na mão, a ladrar como cães, a arder como fogos e a
iluminar como sóis as trevas do mundo; e que, por meio de uma verdadeira devoção
a Maria Santíssima, isto é, uma devoção interior sem hipocrisia, exterior sem
crítica, prudente sem ignorância, terna sem indiferença, constante sem
volubilidade e santa sem presunção, esmaguem por todos os lugares onde forem a
cabeça da antiga serpente, a fim de que a maldição que sobre ela lançastes seja
inteiramente cumprida: “Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua raça
e a d’Ela. Ela te esmagará a cabeça”.
3º Dia: Em
luta com o demônio
13 – É
verdade, grande Deus, que o demônio há de armar, como predissestes, grandes
ciladas ao calcanhar desta Mulher misteriosa, isto é, a esta pequena Companhia
de seus filhos que surgirão próximo do Fim do mundo; e que haverá grandes
inimizades entre esta bendita posteridade de Maria e a raça maldita de Satanás.
Mas é esta uma inimizade toda divina, a única de que sejais Autor: “Porei
inimizades.” Porém, esses combates e essas perseguições que os filhos e a raça
de Belial farão à raça de Vossa Mãe Santíssima, só servirão para melhor fazer
resplandecer o Poder de Vossa graça, a coragem da Virtude dos Vossos servos e a
autoridade de Vossa Mãe, pois Lhe destes, desde o começo do mundo, a missão de
esmagar esse soberbo, pela humildade de Seu coração e de Seu calcanhar: “Ela
esmagará tua cabeça”.
14 – Não é melhor
para mim morrer do que Vos ver, meu Deus, todos os dias, tão cruel e
impunemente ofendido e, estar eu mesmo, todos os dias, e cada vez mais, em
risco de ser arrastado pelas torrentes de iniquidade que se avolumam? Mil
mortes me seriam mais toleráveis: enviai-me socorro do Céu ou levai a minha
alma.
Se eu não
tivesse a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, haveis de ouvir este pobre
pecador, nos interesses de Vossa glória, como já ouvistes a tantos outros:
“Este miserável clamou e o Senhor o ouviu”, pedir-Vos-ia radicalmente com um
Profeta: “Tirai-me a vida”. Mas a confiança que tenho em Vossa misericórdia
faz-me dizer com outro profeta: “Não morrerei, mas viverei para narrar as obras
do Senhor”, até que possa dizer com Simeão: “Agora, Senhor, deixai Vosso servo
morrer em paz, segundo a Vossa palavra porque meus olhos viram a Salvação”.
4º Dia:
Gerados pelo Espírito Santo em Maria
15 –
Memento: Divino Espírito Santo, lembrai-Vos de produzir e formar filhos de
Deus, com Vossa Divina e Fiel Esposa, Maria. Formastes Jesus Cristo, cabeça dos
predestinados com Ela e n’Ela, e é com Ela e n’Ela que deveis formar todos os
Seus membros. Nenhuma pessoa divina engendrais na Divindade; mas só Vós formais
todas as pessoas divinas fora da Divindade, e todos os Santos que existiram e
hão de existir até o Fim do mundo são outras tantas obras de Vosso Amor unido a
Maria Santíssima.
16 – O Reino
especial de Deus Pai durou até o dilúvio e foi terminado por um dilúvio de
água; o Reino de Jesus Cristo foi terminado por um dilúvio de sangue; mas Vosso
Reino, Espírito do Pai e do Filho, continua presentemente e será terminado por
um dilúvio de fogo, de Amor e de Justiça.
17 – Quando
virá este dilúvio de fogo do Puro Amor, que deveis atear toda a Terra de um
modo tão suave e tão veemente que todas as nações, os turcos, os idólatras e
até mesmo os judeus hão de arder nele e se converter? “Não há quem se esconda
de seu calor”. Seja ateado este divino fogo que Jesus Cristo veio trazer à
Terra, antes que ateeis o de Vossa cólera que reduzirá toda a Terra a cinzas.
“Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da Terra”:
enviai à Terra esse Espírito todo de fogo, para nela criar Sacerdotes todos de
fogo, por cujo Ministério seja renovada a face da Terra e reformada a Vossa
Igreja.
18 – Memento
Congregationis tuae: é uma congregação, uma assembleia, uma escolha, uma
triagem de predestinados que deveis fazer no mundo e do mundo: “Eu Vos escolhi
do meio do mundo”. É um rebanho de pacíficos cordeiros que deveis reunir entre
tantos lobos; uma companhia de castas pombas e de águias reais entre tantos
corvos; um enxame de laboriosas abelhas entre tantos zangões; uma manada de
cervos ágeis entre tantas tartarugas; um batalhão de leões destemidos entre
tantas lebres tímidas. Ah! Senhor: “Congregai-nos dentre as nações”;
congregai-nos, uni-nos, para que assim
se renda toda a glória ao Vosso Nome Santo e Poderoso.
5º Dia:
Inteiramente confiantes na Providência
19 –
Predissestes esta ilustre Companhia a Vosso Profeta, que a descreve em termos
muito obscuros e misteriosos, mas inteiramente divinos:
Vós
separastes, ó Deus, para a Vossa descendência uma chuva voluntária; e quando
ela enfraqueceu, Vós a reconfortastes.
Vossos
animais habitarão nela. Preparastes, ó Deus, em Vossa bondade, o alimento para
o pobre.
O Senhor dá
a Sua Palavra a Seus arautos, para que a anunciem com grande força.
O Rei dos
Exércitos está em poder do Bem-amado, e quem é o ornamento da casa reparte os
despojos.
Quando
repousais em Vossos domínios, as penas da Pomba são prateadas e a extremidade
de seu dorso tem o resplendor do ouro.
Enquanto o
Rei do Céu dispersa os reis no país, tudo é branqueado pela neve no Monte
Selmon. A montanha de Deus é uma montanha fértil.
É uma
montanha imponente, uma montanha fértil. Por que olhais com admiração, ó
montanhas imponentes, a montanha de Deus?
É uma
montanha na qual aprouve a Deus morar, e o Senhor habitará nela para sempre.
20 – Qual é,
Senhor, esta chuva voluntária que separastes e escolhestes para Vossa
enfraquecida descendência, senão estes santos missionários, filhos de Maria,
Vossa Esposa, aos quais deveis congregar e separar do comum dos homens, para o
bem de Vossa Igreja, tão debilitada e maculada pelos crimes de seus filhos?
21 – Quem
são estes animais e estes pobres que habitarão em Vossa herança, e serão aí
nutridos com a divina doçura que lhes haveis preparado, senão estes pobres
missionários abandonados à Providência e que transbordarão de Vossas mais
divinas delícias; quem são eles senão estes misteriosos animais de Ezequiel,
que hão de ter a humanidade do homem, por sua desinteressada e benfazeja
caridade para com o próximo; a coragem do leão, por sua santa cólera e por seu
ardente e prudente zelo contra os demônios e os filhos de Babilônia; a força do
boi, por seus trabalhos apostólicos e por sua mortificação contra a carne; e
finalmente a agilidade da águia, por sua contemplação em Deus? Tais hão de ser
os missionários que quereis enviar a Vossa Igreja. Terão olhos de homem para o
próximo, olhos de leão contra Vossos inimigos, olhos de boi contra si próprios
e olhos de águia para Vós.
22 – Estes
imitadores dos Apóstolos pregarão com uma grande força e virtude, tão grande e
tão deslumbrante que hão de comover todos os espíritos e todos os corações nos
lugares em que pregarem. A eles é que haveis de dar Vossa Palavra: “Eu vos
darei uma palavra cheia de Sabedoria, à qual não poderão resistir, nem
contradizer, nenhum de Vossos inimigos”.
23 – É entre
estes prediletos que tomareis vossas complacências, na qualidade de Rei das
virtudes de Jesus Cristo, o Bem-amado, pois em todas as suas missões não terão
outro fim senão dar-Vos toda a glória dos despojos que arrebatarem a Vossos
inimigos.
24 – Por seu
abandono à Providência e sua devoção a Maria, terão as asas prateadas da Pomba,
isto é, a pureza da Doutrina e dos Costumes; e douradas as costas, isto é, uma
perfeita caridade para com o próximo para suportar-lhe os defeitos e um grande
amor a Jesus Cristo para carregar a sua cruz.
25 – Só Vós,
como Rei dos Céus e Rei dos reis, haveis de separar do comum dos homens estes
missionários como outros tantos reis, para torná-los mais brancos que a neve
sobre a montanha de Selmon, montanha de Deus, montanha abundante e fértil,
montanha forte e coagulada, montanha na qual Deus Se compraz maravilhosamente,
e na qual habita e há de habitar até o fim.
Quem é,
Senhor Deus da verdade, esta montanha misteriosa de que nos dizeis tantas
maravilhas, senão Maria, Vossa dileta Esposa, cujos fundamentos pusestes sobre
o cimo das mais altas montanhas? Os seus fundamentos estão sobre os Montes
Santos. Monte no cume dos montes.
Felizes e
mil vezes felizes os Sacerdotes que tão bem escolhestes e predestinastes para
habitar Convosco nessa abundante e divina montanha, para aí se tornarem reis da
eternidade, por seu desprezo da Terra e sua elevação em Deus; para aí se
tornarem mais brancos do que a neve por sua união a Maria, Vossa Esposa toda
formosa, toda pura e toda Imaculada; para aí se enriquecerem do orvalho do Céu
e do húmus da Terra, de todas as bênçãos temporais e eternas de que está toda
cheia Maria Santíssima.
É do alto
desta montanha que lhe hão de lançar, quais novos Moisés, por suas ardentes
súplicas, dardos contra seus inimigos para os prostrar ou para os converter.
É sobre esta
montanha que hão de aprender da própria boca de Jesus Cristo, que aí habita
para sempre, o significado das Suas oito Bem-aventuranças.
É sobre esta
montanha de Deus que com Ele hão de ser transfigurados, como no Tabor, que hão
de morrer com Ele, como no Calvário, e que hão de subir com Ele ao Céu, como no
Monte das Oliveiras.
6º Dia: Que
apaguem o fogo na Casa de Deus
26 – Memento
Congregationis tuae. Só a Vós compete formar, por Vossa graça, esta assembleia;
se o homem nela puser primeiro a mão, nada se fará; se nela misturar algo do
próprio com o que é Vosso, estragará tudo, arruinará tudo. Tuae Congregationis:
é obra Vossa, grande Deus. Opus tuum fac: fazei Vossa obra toda divina; juntai,
convocai, reuni de todas as partes de Vossos domínios os Vossos eleitos, para
deles fazer um corpo de Exército contra Vossos inimigos.
27 – Vede,
Senhor Deus dos Exércitos, os capitães que formam companhias completas, os
potentados que reúnem Exércitos numerosos, os navegadores que armam frotas
inteiras, os mercadores que se congregam em grande número nos mercados e nas
feiras! Quantos ladrões, ímpios, ébrios e libertinos se unem em massa contra Vós
todos os dias, tão fácil e prontamente: basta soltar um assobio, rufar um
tambor, mostrar a ponta embotada de uma espada, prometer um ramo seco de
louros, oferecer um pedaço de terra amarela ou branca; basta, em poucas
palavras, uma fumaça de honra, um interesse de nada e um mesquinho prazer
animal que se tem em vista para, num instante, reunir os ladrões, ajuntar os
soldados, agrupar os batalhões, congregar os mercadores, encher as casas e os
mercados, e cobrir a Terra e o mar com uma multidão inumerável de réprobos que
embora divididos todos entre si, ou pelo afastamento dos lugares, ou pela
diversidade dos gênios, ou por seus próprios interesses – se unem entretanto
todos até a morte, para fazer-Vos guerra sob o estandarte e o comando do
demônio.
28 – E Vós,
grande Deus, embora haja tanta glória, doçura e proveito em servir-Vos, quase
ninguém tomará o Vosso partido? Quase nenhum soldado se alistará sob Vossos
estandartes? Quase nenhum São Miguel clamará no meio de seus irmãos, cheio de
zelo pela Vossa glória: “Quem como Deus?”. Ah! Permiti-me bradar por toda
parte: Fogo, fogo, fogo! Socorro, socorro, socorro! Fogo na casa de Deus, fogo
nas almas, fogo até no Santuário! Socorro, que assassinam nosso irmão; socorro,
que degolam nossos filhos; socorro, que apunhalam nosso bom pai!
29 – “Quem
for do Senhor, junte-se a mim!”: que venham todos os bons Sacerdotes espalhados
pelo mundo cristão, quer os que estejam atualmente no combate, quer os que se
tenham retirado da confusão da batalha para os desertos e ermos; que venham
estes bons Sacerdotes e se unam a nós – a união faz a força – Vis uníta fit
fórtior, a fim de formarmos, sob o estandarte da Cruz, um Exército em boa ordem
de batalha e bem disciplinado para de concerto atacar os inimigos de Deus que
já tocaram a rebate: Bramiram, rangeram dos dentes, agitaram-se,
multiplicaram-se. “Rompamos os liames com que nos ataram e lancemos longe de
nós o seu jugo. Aquele que habita no Céu zombará deles”.
30 –
“Levante-se Deus, e sejam dispersos os seus inimigos”! “Acordai, Senhor, por
que pareceis dormir? Despertai”! Erguei-Vos, Senhor! Por que pareceis dormir?
Erguei-Vos em Vossa onipotência, em Vossa misericórdia e em Vossa Justiça para
formar uma companhia seleta de guardas que velem a Vossa casa, defendam a Vossa
glória e salvem as vossas almas, a fim de que haja um só rebanho e um só
Pastor, e que todos Vos rendam glória em Vosso Templo! Amém.
Deus só."
São Luís
Maria Grignion de Montfort
Referência:
SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT.
TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM. 4.ª edição. São Paulo, julho de 2021. Editora Retornarei Ltda. p. 223-236
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