"PADRE JOÃO BAPTISTA REUS, S. J.
(*10-7-1868 +21-7-1947)
Falecido com fama de santidade no Col. M. Cristo Rei, em São Leopoldo.
Dados biográficos sobre o Padre João Baptista Reus, S. J.
No Cemitério dos Padres Jesuítas, em São Leopoldo (RGS), encontra-se à esquerda da entrada uma sepultura entre muitas outras. Numerosos visitantes ajoelham-se ao pé do túmulo, sempre ornado de flores.
É o túmulo do Padre João Baptista Reus, humilde Sacerdote da Companhia de Jesus. O mundo não o conhecia em vida. Apenas a cidade de São Leopoldo o via passar sempre recolhido, porque transitava pelas ruas a rezar invariavelmente Jaculatórias.
Toda a vida do Padre Reus desenrolou-se dentro de moldes muito simples. Nasceu a 10 de julho de 1868, em Pottenstein, da Arquidiocese de Bamberg, Baviera. Bem modestos foram as condições do lar paterno.
O pai, João Reus, era proprietário de um açougue e conselheiro da comuna. Católico praticante, de vida modelar, gozava da estima de todos.
A mãe, Ana Margarida, era senhora solícita e profundamente piedosa. Deus abençoou sua união com 7 filhos e 3 filhas.
Dona Ana Margarida acalentara em sua juventude o desejo de tornar-se Religiosa. Não admira, pois, que como mãe anelasse ver alguns de seus filhos consagrados ao serviço de Deus. Sua prece foi ouvida. Nosso Senhor lhe deu uma filha Religiosa e no seu filho João Baptista teve um virtuoso Sacerdote Jesuíta.
No domingo da Pascoela de 1880, João Baptista recebia a sua Primeira Comunhão. Jesus Eucarístico seria dora em diante o centro de toda a sua vida. Pouco tempo depois começou os estudos ginasiais, custeados por um tio Sacerdote, Pároco de Stadtsteinach, passando ele a morar na residência do excelente casal Weyermann. Foi disposição da Divina Providência. A dona da casa tornou-se-lhe segunda mãe, à qual o Padre Reus conservou profunda gratidão durante toda a sua vida. Neste ambiente piedoso conservou-se puro, recebendo, ao mesmo tempo, esmerada educação.
Orientado por sua boa mãe, João Baptista distinguiu-se desde cedo por um terno amor a Maria Santíssima. Foi ela que atraiu o coração do estudante para o Sacerdócio e a vida religiosa.
Já como menino adquirira com suas pequenas economias um estatueta de Nossa Senhora de Lourdes, com que mimoseou a querida mãe no dia de seu onomástico. Sentia prazer em reunir as crianças aos pés da Mãe de Deus, distribuindo-lhes Terços e ensinando-as a rezarem o Santo Rosário.
Terminada a formação ginasial, João Batista teve que prestar serviço militar durante um ano. De toda a parte perigo o assediavam. Mas, como soldado brioso e fiel, repelia com energia toda a espécie de sedução, defendendo galhardamente sua pureza e integridade de seu caráter.
Reservista, ingressou em 1890 no Seminário de Bamberg, tornando-se aluno modelar, obediente e caridoso. Devotíssimo do Menino Jesus, concebeu em sua alma de seminarista uma ilimitada confiança e ardente amor a Jesus. E aos poucos, Jesus Eucarístico, foi-se-lhe tornando alvo da sua atenção, um verdadeiro ímã a atraí-lo continuamente. Passava horas esquecidas aos pés do Divino Amigo.
Passo a passo foi galgando as culminâncias do "Monte Santo do Senhor": Tonsura (14-4-1891), Ordens menores (28-6-1891), Subdiaconato (02-4-1892), Diaconato (16-4-1892) e, finalmente, o santo Sacerdócio (30-7-1893), celebrando Missa Nova na festa de Santo Inácio de Loiola (31-7-1893), em Pottenstein.
Movido pela graça e pelo ardente desejo de se tornar Santo, quis ingressar logo na Companhia de Jesus. Já em setembro de 1892 recebera a admissão. Mas a autoridade Eclesiástica não lhe concedeu logo a licença almejada. Como Sacerdote dedicou-se, obediente à destinação do seu Bispo, à cura das almas na Paróquia de Neuhaus. Durante a noite passava frequentemente longas horas diante do Tabernáculo. Já então experimentou os primeiros toques místicos daquele, por quem tanta atração sentia.
Finalmente, graças à intervenção de dois amigos paternais, obteve a suspirada permissão de se fazer Jesuíta, filiando-se, em 16 de outubro de 1894, à milícia inaciana. Após o primeiro ano de noviciado, começou a repetir os estudos de Filisofia e Teologia (1895-1899).
No dia em que fez os votos preparatórios (de devoção) escreveu: "Ó Maria, querida Mãe, chamaste-me à Companhia de Jesus e me deste a graça de fazer hoje os votos: recebe-me todo, para que possa ser teu servo. Protege-me e comunica-me as virtudes do teu Puríssimo Coração para que me possa tornar Santo!"
Em 1899 iniciou o ano da Terceira Provação. Nesse tempo de graças lançou os fundamentos duma vida realmente santa. Como propósito central escolheu o terceiro grau de humildade, isto é, seguir bem de perto a Jesus Crucificado no caminho das humilhações e sofrimento.
Pediu aos Superiores para ser enviado às Missões da Índia ou da Zambézia na África, mas a Divina Providência deu-lhe, a 17 de maio de 1900, pela voz dos Superiores a destinação para o Brasil. Embarcou em agosto, arribando ao Rio Grande, em 15 de setembro.
Após vários meses consagrados ao estudo da Língua Portuguesa, em São Leopoldo, mandaram-no para Rio Grande. Dedicou-se ao ensino e à cura das almas até dezembro de 1911, ocupando nos últimos 6 anos o cargo de Superior do Colégio que a Companhia mantinha então naquela cidade. Transferido em 1912 para o Colégio Anchieta, em Porto Alegre, recebeu em 7 de setembro desse ano a primeira das grandes graças místicas: a impressão dos estigmas. Embora invisíveis, causaram-lhe toda a vida intensas dores, dores que ele recebia de muito bom grado como verdadeiro discípulo de Jesus Crucificado.
Em 30 de março de 1913, a obediência confiou-lhe o cargo de Pároco de São Leopoldo, cargo que ocupou até 2 de fevereiro de 1914. Desde então começou a dedicar-se, durante 30 anos longos anos, à formação do Clero no Seminário de São Leopoldo: Diretor Espiritual dos Seminaristas (1914-1916), Professor de diversas disciplinas no Seminário Menor (1917-1937), lente de Liturgia (1917-44), Capelão das Irmãs Franciscanas no Colégio São José (1914-23). Em princípios de 1942 passou para o Colégio Máximo Cristo Rei, em São Leopoldo, sendo Diretor Espiritual da casa e escritor até 1946.
O Padre Reus dedicou-se com muito zelo também ao Apostolado da imprensa, enquanto lho permitiam a saúde e os ofícios. É autor do livro "Acto heroico pelas almas do purgatório" (esgotado). Compilou o valioso livro de reza "ORAI" com diversas edições. Mas a sua obra principal é o "CURSO DE LITURGIA" (508 páginas, publicado pela Editora Vozes, 3.ª edição, 1952). Além disso escreveu numerosos artigos sobre questões práticas de liturgia na revista "O Seminário", na REB etc.
Quando, exausto por trabalhos e doenças, não pode mais trabalhar, continuou, como sempre, a rezar e oferecer seus padecimentos pela salvação das almas. Já em 08 de janeiro de 1916 fizera o voto de escolher sempre o mais perfeito, voto que cumpriu fielmente até a sua santa morte.
Seu diário registra grandes e extraordinárias graças místicas, recebidas na liberalidade divina. Do valor e genuinidade dessas graças e visões julgará a seu tempo a competente autoridade eclesiástica.
O Padre Reus não procurava estas graças extraordinárias nem se julgava digno delas. Sirva de exemplo o que escreve no dia 24 de dezembro de 1936: "Hoje de manhã estava-me paramentando para celebrar a Santa Missa, quando vi, de repente, diante de mim, o Menino Jesus, deitado em tamanho natural, irradiando luz. Não dei atenção... Ao meio-dia, durante o exame de consciência, vi o Menino Jesus, encostando-se em mim, como se tivesse sentado sobre o meu braço esquerdo, envolvendo o meu pescoço com seu bracinho. Não posso duvidar da realidade deste fato. Procurei livrar-me desta visão. Mas em vão. Ela continua ainda agora, às 5,30 da tarde, e estou sentindo, bem distintamente, o contacto de seu bracinho. - Esta, como as demais graças, me enchem sempre de um santo terror, porque reconheço a minha miséria, ao mesmo tempo também a incompreensível bondade de Deus. Uma coisa, porém, é certa: estas graças, concedidas justamente a mim, demonstram, de maneira irrefutável, a infinita misericórdia do Coração de Jesus."
A partir de 1936, as visões tornaram-se mais frequentes. Da importância que o Padre Reus lhes atribuía falam as seguintes palavras, escritas a 11 de janeiro de 1943: "Vi o Menino Jesus na Santa Hóstia. Porém prova mais sólida da presença real do que as visões, temo-la nas palavras do próprio Jesus: Isto é o meu Corpo!"
A 30 de julho de 1943 o nosso Padre celebrou suas bodas áureas de Sacerdócio. Nas palavras que dirigiu à comunidade, por ocasião duma íntima homenagem que os irmãos de hábito lhe prestaram, sua alma vibrou de profunda e ardente gratidão pelas imerecidas graças desses 50 anos de vida sacerdotal. Talvez pouquíssimos adivinhassem a extensão e a grandeza dessas graças, pois o Padre Reus, na sua humildade, ocultava tudo escrupulosamente, quanto possível, aos olhos dos que o cercavam. Sob o exterior recolhido velava o tesouro duma riquíssima vida interior e grande intimidade e convivência com Deus.
Convencido estava o Padre Reus que os dons da liberalidade divina se deviam inteiramente ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, cuja devoção cultivava com ardor em si e promovia com zelo nos outros. No ano de 1945 providenciou a 1ª edição do folheto "SÁBADO DE DESAGRAVO". Hoje (1957) está espalhado em 13 edições (6 páginas) por todo o Brasil, com uma tiragem total de 650.000 exemplares.
A graça o impelia cada vez mais a praticar com a máxima perfeição possível as virtudes que via brilhar no divino modelo. Nesta fidelidade em cooperar com a graça divina reside, em última análise, o valor da santa vida do Padre Reus. Deus parece indicar, no exemplo do Padre Reus, que um dinamismo apostólico meramente externo nada vale sem a vida interior.
No ano de 1947, Padre Reus recebe diversos avisos do céu que seu fim estava próximo. Foi sacramentado na sexta-feira santa, dia 4 de abril de 1947. Houve melhora. A 10 de junho celebra a sua última Missa. Seguem-se semanas de intensos sofrimentos, que ele tanto desejava. Muitos dolorosos são os ataques de asma.
Em 9 de julho diz ao Padre Reitor, quando este entra no meu quarto: "A Mãe está aqui!" e um pouco depois: "Agora está toda a Sagrada Família!" Estas visitas celestes o confortavam. Em 21 de julho, pelas 4 horas da tarde, expira doce e santamente...
Seu corpo descansa no Cemitério dos Jesuítas em São Leopoldo, à sombra de silenciosos ciprestes. Desde a sua morte, Padre Reus manisfesta-se poderoso intercessor daqueles que a ele se dirigem confiantemente em suas necessidades. Muitos frequentam o seu túmulo em busca de remédio para os males do corpo e da alma ou para agradecer graças e favores alcançados. De ano em ano vão-se intensificando essas romarias ao túmulo do Padre Reus, mormente nos aniversários de seu nascimento (10-07) e de sua morte (21-07) e no dia dos Finados (02-11).
Dez anos transcorreram desde a santa morte do Padre Reus. Neste curto lapso de tempo, mais de 25.000 cartas atestam a sua valiosa intercessão junto ao trono de Deus, sem contarmos as numerosas graças que diariamente se publicam nos grandes Diários e Semanários da Capital gaúcha e do interior. Ninguém ousará afirmar que todas essas "Graças" não passam de engano subjetivo! - Seu rosto espiritualizado e sorridente tornou-se familiar a muitos, pois, tantas vezes se vê publicado. Em vista dos numerosos pedidos que ininterruptamente vêm de todos os recantos do imenso Brasil e também do estrangeiro, já se tornaram necessárias (até 1957) 18 edições dum folheto de 6 páginas, impresso em papel couchet, contendo o resumo biográfico e orações para uma Novena, com uma tiragem total de 1.600.000 exemplares. A afluência ao túmulo do Servo de Deus foi aumentando a cada vez mais.
Todas essas circunstâncias levaram a Autoridade Eclesiástica a iniciar o Processo Informativo Diocesano para a Causa da sua Beatificação. Com data de 08 de dezembro de 1952, veio de Roma a nomeação do Vice-Postulador da Causa. Dados os demais passos preliminares, realizou-se, em 25 de junho de 1953, a primeira Sessão do Tribunal Eclesiástico, presidido por S. Excia. Revma. Dom Vicente Scherer, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, com a nomeação dos membros constitutivos e os juramentos prescritos. Desde então, se foram realizando, com a regularidade possível, as numerosas Sessões do Tribunal Eclesiástico de Porto Alegre e o depoimento de aproximadamente 100 Testemunhas. A pedido da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, foram feitos, em 1956, dois Processos Rogatoriais, um em Bamberg, Diocese natal do Padre Reus, e o outro, no Vicariato de Roma. - No intuito de melhor conservar os restos mortais do Servo de Deus, procedeu-se a exumação do corpo do Padre Reus, no dia 15 de maio de 1957, ato presidido por S. Excia. Revma Dom Vicente Scherer. Cinco Médicos-Peritos executaram todos os trabalhos, prescritos pela Igreja para a conservação das relíquias. Em 25 de maio, seus despojos mortais foram novamente inumados no lugar do seu jazigo anterior. - Em fins de 1957, 10.º aniversário da morte do Servo de Deus, encerram-se também os trabalhos do tríplice Processo Diocesano Informativo da Causa de sua Beatificação.
Pedimos a todos os devotos e agraciados do Padre Reus uma prece pelo feliz resultado desses Processos, a fim de que, na cidade de Roma, em breve, possa ser instaurado o Processo Apostólico para a Beatificação do Servo de Deus.
DECLARAMOS que em todas as publicações sobre a vida do Padre Reus e sobre graças alcançadas por sua intercessão nada queremos adiantar que colida com o Decreto do Papa Urbano VIII e submetemos tudo humildemente ao julgamento da competente Autoridade Eclesiástica.
P. Reinaldo Wenzel S.J.
Vice-postulador da Causa da Beatificação do Padre João B. Reus S. J.
Ó Deus que na vossa infinita bondade e misericórdia inspirastes ao vosso humilde servo João Baptista tão ardente desejo de perfeição e o cumulastes de tantas e tão extraordinárias mercês, concedei-me a graça de imitá-lo na entrega total ao Sagrado Coração de Jesus, no amor à cruz e ao sacrifício, na estima da Santa Missa, na intimidade com Jesus Sacramentado, no zelo das vocações sacerdotais e na devoção filial ao Imaculado Coração de Maria, Medianeira de todas as graças.
Ó Deus que glorificais a quem Vos glorifica, glorificai o vosso servo João Baptista que em vida Vos amou e glorificou, concedendo-me, por sua intercessão, a graça... que instantemente Vos peço. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém."
Referência bibliográfica:
No domingo da Pascoela de 1880, João Baptista recebia a sua Primeira Comunhão. Jesus Eucarístico seria dora em diante o centro de toda a sua vida. Pouco tempo depois começou os estudos ginasiais, custeados por um tio Sacerdote, Pároco de Stadtsteinach, passando ele a morar na residência do excelente casal Weyermann. Foi disposição da Divina Providência. A dona da casa tornou-se-lhe segunda mãe, à qual o Padre Reus conservou profunda gratidão durante toda a sua vida. Neste ambiente piedoso conservou-se puro, recebendo, ao mesmo tempo, esmerada educação.
Orientado por sua boa mãe, João Baptista distinguiu-se desde cedo por um terno amor a Maria Santíssima. Foi ela que atraiu o coração do estudante para o Sacerdócio e a vida religiosa.
Já como menino adquirira com suas pequenas economias um estatueta de Nossa Senhora de Lourdes, com que mimoseou a querida mãe no dia de seu onomástico. Sentia prazer em reunir as crianças aos pés da Mãe de Deus, distribuindo-lhes Terços e ensinando-as a rezarem o Santo Rosário.
Terminada a formação ginasial, João Batista teve que prestar serviço militar durante um ano. De toda a parte perigo o assediavam. Mas, como soldado brioso e fiel, repelia com energia toda a espécie de sedução, defendendo galhardamente sua pureza e integridade de seu caráter.
Reservista, ingressou em 1890 no Seminário de Bamberg, tornando-se aluno modelar, obediente e caridoso. Devotíssimo do Menino Jesus, concebeu em sua alma de seminarista uma ilimitada confiança e ardente amor a Jesus. E aos poucos, Jesus Eucarístico, foi-se-lhe tornando alvo da sua atenção, um verdadeiro ímã a atraí-lo continuamente. Passava horas esquecidas aos pés do Divino Amigo.
Passo a passo foi galgando as culminâncias do "Monte Santo do Senhor": Tonsura (14-4-1891), Ordens menores (28-6-1891), Subdiaconato (02-4-1892), Diaconato (16-4-1892) e, finalmente, o santo Sacerdócio (30-7-1893), celebrando Missa Nova na festa de Santo Inácio de Loiola (31-7-1893), em Pottenstein.
Movido pela graça e pelo ardente desejo de se tornar Santo, quis ingressar logo na Companhia de Jesus. Já em setembro de 1892 recebera a admissão. Mas a autoridade Eclesiástica não lhe concedeu logo a licença almejada. Como Sacerdote dedicou-se, obediente à destinação do seu Bispo, à cura das almas na Paróquia de Neuhaus. Durante a noite passava frequentemente longas horas diante do Tabernáculo. Já então experimentou os primeiros toques místicos daquele, por quem tanta atração sentia.
Finalmente, graças à intervenção de dois amigos paternais, obteve a suspirada permissão de se fazer Jesuíta, filiando-se, em 16 de outubro de 1894, à milícia inaciana. Após o primeiro ano de noviciado, começou a repetir os estudos de Filisofia e Teologia (1895-1899).
No dia em que fez os votos preparatórios (de devoção) escreveu: "Ó Maria, querida Mãe, chamaste-me à Companhia de Jesus e me deste a graça de fazer hoje os votos: recebe-me todo, para que possa ser teu servo. Protege-me e comunica-me as virtudes do teu Puríssimo Coração para que me possa tornar Santo!"
Em 1899 iniciou o ano da Terceira Provação. Nesse tempo de graças lançou os fundamentos duma vida realmente santa. Como propósito central escolheu o terceiro grau de humildade, isto é, seguir bem de perto a Jesus Crucificado no caminho das humilhações e sofrimento.
Pediu aos Superiores para ser enviado às Missões da Índia ou da Zambézia na África, mas a Divina Providência deu-lhe, a 17 de maio de 1900, pela voz dos Superiores a destinação para o Brasil. Embarcou em agosto, arribando ao Rio Grande, em 15 de setembro.
Após vários meses consagrados ao estudo da Língua Portuguesa, em São Leopoldo, mandaram-no para Rio Grande. Dedicou-se ao ensino e à cura das almas até dezembro de 1911, ocupando nos últimos 6 anos o cargo de Superior do Colégio que a Companhia mantinha então naquela cidade. Transferido em 1912 para o Colégio Anchieta, em Porto Alegre, recebeu em 7 de setembro desse ano a primeira das grandes graças místicas: a impressão dos estigmas. Embora invisíveis, causaram-lhe toda a vida intensas dores, dores que ele recebia de muito bom grado como verdadeiro discípulo de Jesus Crucificado.
Em 30 de março de 1913, a obediência confiou-lhe o cargo de Pároco de São Leopoldo, cargo que ocupou até 2 de fevereiro de 1914. Desde então começou a dedicar-se, durante 30 anos longos anos, à formação do Clero no Seminário de São Leopoldo: Diretor Espiritual dos Seminaristas (1914-1916), Professor de diversas disciplinas no Seminário Menor (1917-1937), lente de Liturgia (1917-44), Capelão das Irmãs Franciscanas no Colégio São José (1914-23). Em princípios de 1942 passou para o Colégio Máximo Cristo Rei, em São Leopoldo, sendo Diretor Espiritual da casa e escritor até 1946.
O Padre Reus dedicou-se com muito zelo também ao Apostolado da imprensa, enquanto lho permitiam a saúde e os ofícios. É autor do livro "Acto heroico pelas almas do purgatório" (esgotado). Compilou o valioso livro de reza "ORAI" com diversas edições. Mas a sua obra principal é o "CURSO DE LITURGIA" (508 páginas, publicado pela Editora Vozes, 3.ª edição, 1952). Além disso escreveu numerosos artigos sobre questões práticas de liturgia na revista "O Seminário", na REB etc.
Quando, exausto por trabalhos e doenças, não pode mais trabalhar, continuou, como sempre, a rezar e oferecer seus padecimentos pela salvação das almas. Já em 08 de janeiro de 1916 fizera o voto de escolher sempre o mais perfeito, voto que cumpriu fielmente até a sua santa morte.
Seu diário registra grandes e extraordinárias graças místicas, recebidas na liberalidade divina. Do valor e genuinidade dessas graças e visões julgará a seu tempo a competente autoridade eclesiástica.
O Padre Reus não procurava estas graças extraordinárias nem se julgava digno delas. Sirva de exemplo o que escreve no dia 24 de dezembro de 1936: "Hoje de manhã estava-me paramentando para celebrar a Santa Missa, quando vi, de repente, diante de mim, o Menino Jesus, deitado em tamanho natural, irradiando luz. Não dei atenção... Ao meio-dia, durante o exame de consciência, vi o Menino Jesus, encostando-se em mim, como se tivesse sentado sobre o meu braço esquerdo, envolvendo o meu pescoço com seu bracinho. Não posso duvidar da realidade deste fato. Procurei livrar-me desta visão. Mas em vão. Ela continua ainda agora, às 5,30 da tarde, e estou sentindo, bem distintamente, o contacto de seu bracinho. - Esta, como as demais graças, me enchem sempre de um santo terror, porque reconheço a minha miséria, ao mesmo tempo também a incompreensível bondade de Deus. Uma coisa, porém, é certa: estas graças, concedidas justamente a mim, demonstram, de maneira irrefutável, a infinita misericórdia do Coração de Jesus."
A partir de 1936, as visões tornaram-se mais frequentes. Da importância que o Padre Reus lhes atribuía falam as seguintes palavras, escritas a 11 de janeiro de 1943: "Vi o Menino Jesus na Santa Hóstia. Porém prova mais sólida da presença real do que as visões, temo-la nas palavras do próprio Jesus: Isto é o meu Corpo!"
A 30 de julho de 1943 o nosso Padre celebrou suas bodas áureas de Sacerdócio. Nas palavras que dirigiu à comunidade, por ocasião duma íntima homenagem que os irmãos de hábito lhe prestaram, sua alma vibrou de profunda e ardente gratidão pelas imerecidas graças desses 50 anos de vida sacerdotal. Talvez pouquíssimos adivinhassem a extensão e a grandeza dessas graças, pois o Padre Reus, na sua humildade, ocultava tudo escrupulosamente, quanto possível, aos olhos dos que o cercavam. Sob o exterior recolhido velava o tesouro duma riquíssima vida interior e grande intimidade e convivência com Deus.
Convencido estava o Padre Reus que os dons da liberalidade divina se deviam inteiramente ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, cuja devoção cultivava com ardor em si e promovia com zelo nos outros. No ano de 1945 providenciou a 1ª edição do folheto "SÁBADO DE DESAGRAVO". Hoje (1957) está espalhado em 13 edições (6 páginas) por todo o Brasil, com uma tiragem total de 650.000 exemplares.
A graça o impelia cada vez mais a praticar com a máxima perfeição possível as virtudes que via brilhar no divino modelo. Nesta fidelidade em cooperar com a graça divina reside, em última análise, o valor da santa vida do Padre Reus. Deus parece indicar, no exemplo do Padre Reus, que um dinamismo apostólico meramente externo nada vale sem a vida interior.
No ano de 1947, Padre Reus recebe diversos avisos do céu que seu fim estava próximo. Foi sacramentado na sexta-feira santa, dia 4 de abril de 1947. Houve melhora. A 10 de junho celebra a sua última Missa. Seguem-se semanas de intensos sofrimentos, que ele tanto desejava. Muitos dolorosos são os ataques de asma.
Em 9 de julho diz ao Padre Reitor, quando este entra no meu quarto: "A Mãe está aqui!" e um pouco depois: "Agora está toda a Sagrada Família!" Estas visitas celestes o confortavam. Em 21 de julho, pelas 4 horas da tarde, expira doce e santamente...
Seu corpo descansa no Cemitério dos Jesuítas em São Leopoldo, à sombra de silenciosos ciprestes. Desde a sua morte, Padre Reus manisfesta-se poderoso intercessor daqueles que a ele se dirigem confiantemente em suas necessidades. Muitos frequentam o seu túmulo em busca de remédio para os males do corpo e da alma ou para agradecer graças e favores alcançados. De ano em ano vão-se intensificando essas romarias ao túmulo do Padre Reus, mormente nos aniversários de seu nascimento (10-07) e de sua morte (21-07) e no dia dos Finados (02-11).
Dez anos transcorreram desde a santa morte do Padre Reus. Neste curto lapso de tempo, mais de 25.000 cartas atestam a sua valiosa intercessão junto ao trono de Deus, sem contarmos as numerosas graças que diariamente se publicam nos grandes Diários e Semanários da Capital gaúcha e do interior. Ninguém ousará afirmar que todas essas "Graças" não passam de engano subjetivo! - Seu rosto espiritualizado e sorridente tornou-se familiar a muitos, pois, tantas vezes se vê publicado. Em vista dos numerosos pedidos que ininterruptamente vêm de todos os recantos do imenso Brasil e também do estrangeiro, já se tornaram necessárias (até 1957) 18 edições dum folheto de 6 páginas, impresso em papel couchet, contendo o resumo biográfico e orações para uma Novena, com uma tiragem total de 1.600.000 exemplares. A afluência ao túmulo do Servo de Deus foi aumentando a cada vez mais.
Todas essas circunstâncias levaram a Autoridade Eclesiástica a iniciar o Processo Informativo Diocesano para a Causa da sua Beatificação. Com data de 08 de dezembro de 1952, veio de Roma a nomeação do Vice-Postulador da Causa. Dados os demais passos preliminares, realizou-se, em 25 de junho de 1953, a primeira Sessão do Tribunal Eclesiástico, presidido por S. Excia. Revma. Dom Vicente Scherer, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, com a nomeação dos membros constitutivos e os juramentos prescritos. Desde então, se foram realizando, com a regularidade possível, as numerosas Sessões do Tribunal Eclesiástico de Porto Alegre e o depoimento de aproximadamente 100 Testemunhas. A pedido da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, foram feitos, em 1956, dois Processos Rogatoriais, um em Bamberg, Diocese natal do Padre Reus, e o outro, no Vicariato de Roma. - No intuito de melhor conservar os restos mortais do Servo de Deus, procedeu-se a exumação do corpo do Padre Reus, no dia 15 de maio de 1957, ato presidido por S. Excia. Revma Dom Vicente Scherer. Cinco Médicos-Peritos executaram todos os trabalhos, prescritos pela Igreja para a conservação das relíquias. Em 25 de maio, seus despojos mortais foram novamente inumados no lugar do seu jazigo anterior. - Em fins de 1957, 10.º aniversário da morte do Servo de Deus, encerram-se também os trabalhos do tríplice Processo Diocesano Informativo da Causa de sua Beatificação.
Pedimos a todos os devotos e agraciados do Padre Reus uma prece pelo feliz resultado desses Processos, a fim de que, na cidade de Roma, em breve, possa ser instaurado o Processo Apostólico para a Beatificação do Servo de Deus.
DECLARAMOS que em todas as publicações sobre a vida do Padre Reus e sobre graças alcançadas por sua intercessão nada queremos adiantar que colida com o Decreto do Papa Urbano VIII e submetemos tudo humildemente ao julgamento da competente Autoridade Eclesiástica.
P. Reinaldo Wenzel S.J.
Vice-postulador da Causa da Beatificação do Padre João B. Reus S. J.
ORAÇÃO PARA NOVENA
(Somente para uso particular)
Ó Deus que glorificais a quem Vos glorifica, glorificai o vosso servo João Baptista que em vida Vos amou e glorificou, concedendo-me, por sua intercessão, a graça... que instantemente Vos peço. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém."
Referência bibliográfica:
Obra fragmentada. pp. 466-474.
(Indisponibilidade de dados bibliográficos).
Pai Nosso
Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
Ave Maria
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
Glória ao Pai
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.
A cidade de São Leopoldo localiza-se no Estado do Rio Grande do Sul/Brasil.
A cidade de São Leopoldo localiza-se no Estado do Rio Grande do Sul/Brasil.
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