"ANO ECLESIÁSTICO
Advertência
O ano civil não é outra coisa senão a divisão de 365 dias em doze partes sem significação interna alguma. O ano eclesiástico, porém, é a representação da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A vida de Jesus Cristo é representada aos fiéis de três modos: a vida histórica, pelos santos evangelhos; a vida sacramental e atual, na santa missa; a vida mística, pelo ano eclesiástico.
Três são os principais momentos da vida do nosso misericordioso Salvador: a vinda da salvação, pelo nascimento; a realização da salvação, pela morte e ressurreição; a consumação da salvação, pela vinda do Espírito Santo e a fundação da Igreja.
Três são, portanto, as festas, que dão a orientação ao ano eclesiástico: Natal, Páscoa, Pentecostes, enchendo com a sua época de preparação e perpetuação o espaço de um ano civil.
As épocas de preparação são as seguintes: o advento para o Natal, a quaresma para a Páscoa, a novena do Espírito Santo para o dia de Pentecostes.
E as épocas de perpetuação das graças, próprias a cada uma das três festas principais são: os 6 domingos depois da Epifania, os 6 domingos depois da Páscoa, e os (ordinariamente) 24 domingos depois de Pentecostes, de sorte que há três períodos ou ciclos festivos:
1.º o ciclo do Natal: advento, Natal e domingos depois da Epifania.
2.º o ciclo pascal: quaresma, Páscoa e domingos depois da Páscoa;
3.º o ciclo pentecostal: novena do Espírito Santo, Pentecostes e domingos depois de Pentecostes.
1. CICLO DO NATAL
O centro do primeiro período é a festa do Natal. O advento, com as suas quatro semanas, lembra os quatro mil anos antes do nascimento temporal de Jesus Cristo e os estragos então causados pelo pecado.
O cristão, reconhecendo também na sua alma o pecado, deseja, por sua vez, livrar-se dele pela vinda do Senhor, e prepara-lhe, pela penitência, uma digna habitação. Este espírito de penitência é indicado pela cor roxa dos paramentos nos domingos.
No dia de Natal aparece o Salvador, em redor dele os santos cujas festas se celebram durante a oitava do Natal.
Pela cor branca a Igreja manifesta a sua alegria; a cor vermelha, nos dias dos mártires, indica o seu ardente amor a Deus.
No Dia dos Reis, o Salvador se revela ao mundo, e continua a ser a vida do mundo. Pelo que, nos domingos depois da Epifania, a casula é verde, cor esta que, lembrando a vida da planta, simboliza Jesus Cristo, que se chama a vida, e a SS. Trindade, que é a vida em sua perfeição.
2. CICLO PASCAL
O centro deste segundo período é a festa da Páscoa e da Ressurreição.
A preparação principia no domingo da Setuagésima. Em sinal de penitência pelos pecados, e de luto pela morte de Jesus Cristo, não se canta mais o aleluia, e a cor da casula é roxa nas missas do próprio tempo. Os domingos seguintes têm o nome de Sexagésima e Quinquagésima.
Com a quarta-feira de cinzas começa um tempo de penitência mais séria, o que simboliza a cinza usada neste dia.
A cinza era outrora imposta só aqueles cristãos que por pecados públicos deviam sujeitar-se à penitência pública, iniciada neste dia solenemente.
Hoje, estando abolida a penitência pública, põe o sacerdote a cinza na cabeça de todos os fiéis, em sinal de humildade e penitência voluntária.
Seguem os quatro domingos da quaresma.
O Domingo da Paixão, em que são veladas as imagens dos altares, em sinal de dor devido à ameaça de morte narrada no evangelho do dia e que obrigou o Salvador a esconder-se.
O Domingos de Ramos, assim denominado porque Jesus Cristo, na sua entrada triunfal em Jerusalém, foi acompanhado de grande massa de povo que o louvava e aclamava com ramos de oliveiras nas mãos. Com este domingo se inicia a Semana Santa, dedicada à veneração da morte de nosso divino Redentor.
Na quarta-feira santa inicia-se o ofício das trevas, assim chamado, porque outrora esta função sacra realizava-se estando as lâmpadas apagadas.
Na quinta-feira santa comemoramos a instituição da santa Eucaristia, feita na última ceia por Nosso Senhor.
Desde o Glória da única missa que neste dia se celebra até o sábado de aleluia não se tocam mais os sinos.
A hóstia consagrada conserva-se num altar, exposta à adoração pública.
Dão à quinta-feira santa o nome de Endoenças, "porque, segundo a piedosa explicação vulgar, Nosso Senhor estava doente" na sua agonia e paixão.
Na sexta-feira santa não há missa, mas só as tocantes cerimônias da veneração da cruz seguida da comunhão do celebrante, que se serve para este fim da santa hóstia consagrada no dia anterior e guardada no altar da exposição. No dia do cruento sacrifício no Calvário não se oferece o incruento sacrifício da missa.
O fogo novo, extraído de uma pedra, e o círio pascal, bentos no sábado santo, lembram a Jesus Cristo, ressurgindo do sepulcro de pedra, para uma nova vida, e iluminando o mundo pela sua santa doutrina. Pela água batismal, que igualmente se benze, Jesus Cristo comunica a nova vida também aos homens no sacramento do batismo.
Páscoa significa passagem, porque Nosso Senhor passou da morte à vida, e o cristão deve passar da sua vida imperfeita para uma vida mais perfeita.
A festa da Páscoa é a maior do ano eclesiástico.
O tempo pascal termina com a festa da Ascensão de Jesus, precedida das rogações, três dias consagrados a preces públicas.
Os paramentos no tempo da Páscoa são brancos em sinal de alegria.
3. CICLO PENTECOSTAL
O centro do terceiro período do ano eclesiástico é a festa do Espírito Santo, preparada pela novena em sua honra, e celebrada em comemoração da sua vinda gloriosa, para consumar a glória de Jesus Cristo, estabelecendo e santificando a Igreja, que é o seu reino e seu corpo místico. Seguem as festas da SS. Trindade, Corpo de Deus e do Sagrado Coração de Jesus.
As festas de Nossa Senhora e dos santos embelezam, como outras tantas estrelas em redor do sol, o ano eclesiástico.
A santa missa nos domingos se diz com paramentos verdes, cor essa que significa que a SS. Trindade e o Homem-Deus, Jesus, são a vida eterna.
Pelo fim do ano (em Outubro), a Igreja lembra mais uma vez os mistérios de Nosso Senhor pelo mês do Rosário, e mormente a sua realeza na festa de Cristo Rei. Aviva a esperança, mostrando-nos a glória do céu na festa de Todos os Santos, e nos impele poderosamente a evitar o pecado abrindo-nos, no Dia de Finados, o lugar dos tormentos, o purgatório, onde os nossos irmãos padecentes imploram e recebem o nosso socorro, como membros do mesmo corpo místico de Jesus Cristo.
Assim, o ano eclesiástico é uma obra de sabedoria divina, mostrando-nos a vida do divino Salvador nos seus principais fatos, e transformando-nos em Jesus Cristo pelo espírito que, pela variedade das festas, acompanhada da graça divina, incute aos corações.
Pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Epifania
Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém."
Obra fragmentada. p. 276-281.
A vida de Jesus Cristo é representada aos fiéis de três modos: a vida histórica, pelos santos evangelhos; a vida sacramental e atual, na santa missa; a vida mística, pelo ano eclesiástico.
Três são os principais momentos da vida do nosso misericordioso Salvador: a vinda da salvação, pelo nascimento; a realização da salvação, pela morte e ressurreição; a consumação da salvação, pela vinda do Espírito Santo e a fundação da Igreja.
Três são, portanto, as festas, que dão a orientação ao ano eclesiástico: Natal, Páscoa, Pentecostes, enchendo com a sua época de preparação e perpetuação o espaço de um ano civil.
As épocas de preparação são as seguintes: o advento para o Natal, a quaresma para a Páscoa, a novena do Espírito Santo para o dia de Pentecostes.
E as épocas de perpetuação das graças, próprias a cada uma das três festas principais são: os 6 domingos depois da Epifania, os 6 domingos depois da Páscoa, e os (ordinariamente) 24 domingos depois de Pentecostes, de sorte que há três períodos ou ciclos festivos:
1.º o ciclo do Natal: advento, Natal e domingos depois da Epifania.
2.º o ciclo pascal: quaresma, Páscoa e domingos depois da Páscoa;
3.º o ciclo pentecostal: novena do Espírito Santo, Pentecostes e domingos depois de Pentecostes.
1. CICLO DO NATAL
O centro do primeiro período é a festa do Natal. O advento, com as suas quatro semanas, lembra os quatro mil anos antes do nascimento temporal de Jesus Cristo e os estragos então causados pelo pecado.
O cristão, reconhecendo também na sua alma o pecado, deseja, por sua vez, livrar-se dele pela vinda do Senhor, e prepara-lhe, pela penitência, uma digna habitação. Este espírito de penitência é indicado pela cor roxa dos paramentos nos domingos.
No dia de Natal aparece o Salvador, em redor dele os santos cujas festas se celebram durante a oitava do Natal.
Pela cor branca a Igreja manifesta a sua alegria; a cor vermelha, nos dias dos mártires, indica o seu ardente amor a Deus.
No Dia dos Reis, o Salvador se revela ao mundo, e continua a ser a vida do mundo. Pelo que, nos domingos depois da Epifania, a casula é verde, cor esta que, lembrando a vida da planta, simboliza Jesus Cristo, que se chama a vida, e a SS. Trindade, que é a vida em sua perfeição.
2. CICLO PASCAL
O centro deste segundo período é a festa da Páscoa e da Ressurreição.
A preparação principia no domingo da Setuagésima. Em sinal de penitência pelos pecados, e de luto pela morte de Jesus Cristo, não se canta mais o aleluia, e a cor da casula é roxa nas missas do próprio tempo. Os domingos seguintes têm o nome de Sexagésima e Quinquagésima.
Com a quarta-feira de cinzas começa um tempo de penitência mais séria, o que simboliza a cinza usada neste dia.
A cinza era outrora imposta só aqueles cristãos que por pecados públicos deviam sujeitar-se à penitência pública, iniciada neste dia solenemente.
Hoje, estando abolida a penitência pública, põe o sacerdote a cinza na cabeça de todos os fiéis, em sinal de humildade e penitência voluntária.
Seguem os quatro domingos da quaresma.
O Domingo da Paixão, em que são veladas as imagens dos altares, em sinal de dor devido à ameaça de morte narrada no evangelho do dia e que obrigou o Salvador a esconder-se.
O Domingos de Ramos, assim denominado porque Jesus Cristo, na sua entrada triunfal em Jerusalém, foi acompanhado de grande massa de povo que o louvava e aclamava com ramos de oliveiras nas mãos. Com este domingo se inicia a Semana Santa, dedicada à veneração da morte de nosso divino Redentor.
Na quarta-feira santa inicia-se o ofício das trevas, assim chamado, porque outrora esta função sacra realizava-se estando as lâmpadas apagadas.
Na quinta-feira santa comemoramos a instituição da santa Eucaristia, feita na última ceia por Nosso Senhor.
Desde o Glória da única missa que neste dia se celebra até o sábado de aleluia não se tocam mais os sinos.
A hóstia consagrada conserva-se num altar, exposta à adoração pública.
Dão à quinta-feira santa o nome de Endoenças, "porque, segundo a piedosa explicação vulgar, Nosso Senhor estava doente" na sua agonia e paixão.
Na sexta-feira santa não há missa, mas só as tocantes cerimônias da veneração da cruz seguida da comunhão do celebrante, que se serve para este fim da santa hóstia consagrada no dia anterior e guardada no altar da exposição. No dia do cruento sacrifício no Calvário não se oferece o incruento sacrifício da missa.
O fogo novo, extraído de uma pedra, e o círio pascal, bentos no sábado santo, lembram a Jesus Cristo, ressurgindo do sepulcro de pedra, para uma nova vida, e iluminando o mundo pela sua santa doutrina. Pela água batismal, que igualmente se benze, Jesus Cristo comunica a nova vida também aos homens no sacramento do batismo.
Páscoa significa passagem, porque Nosso Senhor passou da morte à vida, e o cristão deve passar da sua vida imperfeita para uma vida mais perfeita.
A festa da Páscoa é a maior do ano eclesiástico.
O tempo pascal termina com a festa da Ascensão de Jesus, precedida das rogações, três dias consagrados a preces públicas.
Os paramentos no tempo da Páscoa são brancos em sinal de alegria.
3. CICLO PENTECOSTAL
O centro do terceiro período do ano eclesiástico é a festa do Espírito Santo, preparada pela novena em sua honra, e celebrada em comemoração da sua vinda gloriosa, para consumar a glória de Jesus Cristo, estabelecendo e santificando a Igreja, que é o seu reino e seu corpo místico. Seguem as festas da SS. Trindade, Corpo de Deus e do Sagrado Coração de Jesus.
As festas de Nossa Senhora e dos santos embelezam, como outras tantas estrelas em redor do sol, o ano eclesiástico.
A santa missa nos domingos se diz com paramentos verdes, cor essa que significa que a SS. Trindade e o Homem-Deus, Jesus, são a vida eterna.
Pelo fim do ano (em Outubro), a Igreja lembra mais uma vez os mistérios de Nosso Senhor pelo mês do Rosário, e mormente a sua realeza na festa de Cristo Rei. Aviva a esperança, mostrando-nos a glória do céu na festa de Todos os Santos, e nos impele poderosamente a evitar o pecado abrindo-nos, no Dia de Finados, o lugar dos tormentos, o purgatório, onde os nossos irmãos padecentes imploram e recebem o nosso socorro, como membros do mesmo corpo místico de Jesus Cristo.
Assim, o ano eclesiástico é uma obra de sabedoria divina, mostrando-nos a vida do divino Salvador nos seus principais fatos, e transformando-nos em Jesus Cristo pelo espírito que, pela variedade das festas, acompanhada da graça divina, incute aos corações.
Exercícios de piedade para as várias partes do ano eclesiástico.
Oração para o tempo do advento.
Afervorai, Senhor, os nossos corações, para prepararmos o caminho ao vosso Unigênito, a fim de que mereçamos, pela sua vinda, servir-vos com as almas purificadas.Pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Natal do Senhor
Hoje resplandecerá sobre nós a divina luz, porque nasceu para nós o Senhor e será denominado Admirável, Deus, Príncipe da paz, Pai do futuro século, e o seu reino não terá fim.Epifania
(Dia dos Reis)
Epifania, isto é, manifestação, é a solene comemoração da manifestação de Jesus Cristo aos pagãos, nas pessoas dos reis, aos israelitas, pelo batismo, e aos apóstolos, nas bodas de Caná. Apresentou-se como Rei e Salvador de todos, como Filho de Deus e Profeta, como Santificador e Sacerdote.
Oração
Ó Deus, que neste dia manifestastes o vosso Unigênito aos pagãos guiados pela estrela, concedei propício para nós, conhecendo-vos já pela fé, sejamos também conduzidos até à contemplação da beleza da vossa Majestade. Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Oração para o tempo da quaresma.
Deus todo poderoso e eterno, que fizestes que o nosso Salvador assumisse carne e padecesse na cruz para que o gênero humano tivesse um exemplo de humildade a imitar, concedei propício, que, tendo a sua humildade por exemplo, mereçamos participar da sua ressurreição.Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém."
Obra fragmentada. p. 276-281.
(Indisponibilidade de dados bibliográficos).
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